Em uma tarde cinzenta, de um inferno frio, no sul do sul da América do Sul, a vida é calma e tranquila em alguns dias como este. Família reunida em volta da lareira e uma simples vontade de comer doce, foram o cenário perfeito para desbravar mais um pouco desse mundo apaixonante que é nosso e não percebemos, pois tempos medo dele.
Coloquei açúcar demais na panela, mesmo minha mãe falando pra não fazer isso. Eis a grande falha! Não escutar quem sabe mais do que nós, seja por distração ou por desobediência pura. Aprenda a ouvir os outros, para evitar perder tempo, para evitar ter mais trabalho do que o necessário, para evitar se machucar em vão - só por teimosia.
Eu fiquei lá mexendo naquela panela por longos minutos e nada... mais um pouco e nada... nada...
- Ô mãe, acho que fiz algo errado!
Enquanto fui chamar para ver o que tinha feito (como se não soubesse), segundo desastre. Não sei explicar o que foi, mas estava tudo tão duro e grudado na panela que estava mais pra cimento do que para rapadura.
Enfim, vou seguir as instruções. Tirei um pouco do açúcar, coloquei mais água. Ainda estava estranho... começou a derreter. Agora é hora do amendoim. Mexendo mais um pouco. Começou a melhorar. Mexer mais. Logo aquela coisa estranha, ficou bonita, uniforme, com cheirinho bom...
E enquanto esse processo tão simples ocorria, minha mente voava e filosofava sobre tentativa-erro.
Alguns cientistas afirmam que aprendemos por insigth, outros dizem que é por experiência, tantas outras teorias que nem vou citar...
Sempre preferi aprender por insigth, parece mais inteligente, do tipo: "sou geneticamente programada para ser uma pessoa esperta", confesso que em muitas situações fui assim.
Contudo, ultimamente, tenho vivido o "processo rapadura" com frequência. Erros e mais erros, muito açúcar, pouca água, fogo alto, fogo baixo, queimo a mão, canso o braço e continuo tentando e tentado de novo.
Para alguém que sempre viu o erro com toneladas de preconceito, é bastante torturante ter que descer do palco de orgulho e vaidade para humildemente aprender com os erros e com suas consequências.
Porém ver a receita dando certo hoje, me fez pensar no quanto é valioso o processo todo. É, esse processo de transformação ao qual vivo tentando me sujeitar. Já desisti de mudar o mundo, mas não quero desistir de me mudar. Só fui me dar conta disso, depois de inúmeras vezes fracassar e sofrer pelos fracassos. Agora, percebo que assim como uma receita que não dá certo e me obriga a refazê-la, cada novo amanhecer é uma tentativa de receita. Em um dia refazendo a que errou, no outro tentando uma nova.
Sempre fui pressionada com a ideia de que repetir o mesmo erro é burrice. A pouco aprendi que as nossas maiores transformações acontecem nas guerras que tivemos que lutar mais de uma vez.
Procuro erros novos e vejo que eles são ainda mais dolorosos do que repetir os antigos.
E assim segue o processo de me transformar em quem eu sou. De descobrir quem eu sou, e ser de proposito...
E sobre a receita de vida? Sugiro ouvir melhor aos que sabem mais e ter humildade para se permitir aprender com aqueles que não são tão inteligentes como você. Há tesouros preciosos nas pessoas simples. E ainda mais nas mães...
Procuro erros novos e vejo que eles são ainda mais dolorosos do que repetir os antigos.
E assim segue o processo de me transformar em quem eu sou. De descobrir quem eu sou, e ser de proposito...
E sobre a receita de vida? Sugiro ouvir melhor aos que sabem mais e ter humildade para se permitir aprender com aqueles que não são tão inteligentes como você. Há tesouros preciosos nas pessoas simples. E ainda mais nas mães...
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