segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Árvores caídas



A janela encontra-se aberta. A brisa sobrepõe-se a meu ser hiperativo, acalmando-me. Noite nublada. Sem estrelas. A lua esconde-se, tímida por trás das nuvens. Opaca, sem brilho.
Quem de nós as vezes não parece com essa lua? Quem de nós as vezes não é obscurecido pelas nuvens da vida? Qual é o ser humano que não esteve coberto pela saturação cinza que a existência permite pintar? Quem?
Estamos introjetados em uma sociedade onde todos tem seus problemas. Suas dúvidas. Suas dificuldades. Em níveis, e hierarquias diferentes. Mas são dificuldades. Opacidades. Pouco brilho na vida.

Não são todos que possuem o dom da oratória. Lutam contra a timidez.
O dom da empatia. Lutam para serem aceitos por todos.
Nem todos possuem a inteligência e raciocínio rápido. Esses sofrem em seus empregos.

Todos possuem algo em seu ser, na qual sentem-se incomodados. Uma dificuldade hereditária. Psicológica. Genética.

Pode ser definido como espinho na carne. Espinho que jamais poderá ser retirado. Espinho que estava presente no momento em que os cromossomos começaram a serem gerados através do vínculo, esperma / óvulo.

Nossa personalidade dita nosso caminho. Nossa genética tem grande parcela nesse caminho. Mas e quando esse tipo de dificuldade não é nada perto dos problemas que adquirimos na estrada? Como ficamos? Opacos? Sem brilho? Com a aparência dessa lua que estou vendo agora?

A vida é como uma larga estrada. Uma estrada de chão. Muita poeira. Muitos buracos. Muitas curvas acentuadas. Subidas íngremes. Descidas oscilantes. Em certos trechos arborizados. Vastas plantas. Em outros trechos encontramos aquele paradisíaco e lindo, deserto ao redor. E ai estamos. Caminhando. Os dias passando. Vamos rumos ao final. Chegar a algum lugar que não conhecemos, mas sabemos que existe. Dias as vezes normais. Outros chuvosos, com lamas atrapalhando o andar de nossos pés. Alguns dias sem a sombra das árvores para reduzir a intensidade do sol. Alguns dias mais empoeirados. Assim vamos andando.
Cheguei a conclusão de usar a estrada como um paralelo a nossa vida, pelo fato de ter tido um sonho noite passada. Um sonho pouco criativo perto dos que costumo ter, porém esse sonho serviu para  lembrar-me da existência de Um que jamais deixará de estender-nos as mãos quando precisarmos.

 Estava vindo por uma estrada como essa que citei acima. Os dias passando. Em dado momento, torci o tornozelo em um buraco e estava andando com muita dificuldade. Em outra situação, começou a formar-se uma tempestade e comecei a correr, tropecei em algo e machuquei o joelho. E os dias iam passando. Eu preso nesse sonho maluco sem fim e sentindo a dor de minhas torções.
Caminhando. Caminhando. Caminhando.
Até que encontrei em minha estrada, uma árvore em proporções gigantescas, caída. Atravessada no único acesso que eu teria. Grossos galhos, vastas folhagens. Impossível ultrapassar no estado que eu estava. Bom, vamos lá. Tentar ultrapassá-la.
Na primeira tentativa de escalá-la, dei uma pancada no joelho machucado ao tentar agarrar-me em um galho e me impulsionar para cima. Um diâmetro inexplicável tinha aquele tronco. Os galhos atrapalhavam. Tentei novamente. Pensei um jeito. Insisti. Até que sentei-me a sombra dela e desisti. Acomodei-me ali e perdi o ânimo. O brilho fugiu. A vontade de fazer algo desapareceu. A opacidade surgiu. E ali fiquei. Esperando a espera de esperar algo acabar.
Então olho para o campo e vejo alguém vindo em direção a cerca. Ele cruza o alambrado e desloca-se até mim. Um Senhor de cabelos compridos até os ombros. Uma calça jeans rota e suja pelo trabalho do campo. Uma camisa encardida e molhada pelo suor, colocada de qualquer maneira para dentro das calças. Mangas suspensas mostravam braços amorenados pelo provável trabalho diário ao sol. O chapéu de palha geravam sombra para seu rosto. Prostasse a minha frente, curva sua fronte e direciona o olhar para mim. Um olhar sereno e seguro. Olhar de alguém que já sabia o que era ter árvores caídas em sua estrada. Com toda calma do mundo ele abaixa-se até a altura em que eu estava e estende sua mão. Lenta e suavemente, a espalma para mim como se fosse ajudar-me a levantar dali. Olhei para ela. E o que vi foi a marca de uma cicatriz profunda. Ossos e nervos separados, contornando aquele buraco em sua mão. Ele sorriu da maneira com que olhei para sua mão e disse:

Já caiu muitas árvores em minha estrada filho. Uma em especial muito maior, muito mais pesada, e pode acreditar muito mais dolorosa do que essa que está atrapalhando sua caminhada. Carreguei-a até o final de meu caminho. E ela ainda me deixou essas marcas nas mãos, para que eu nunca me esqueça: Posso vencer todos os obstáculos, por impossíveis que pareçam e sejam.
Levanta daí, tens muito chão pela frente. Vem que te ajudo com esse trecho aqui.
J.Gonçalves.

 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Os tempos da caverna

Gostamos tanto dos tempos bons, dos dias de glória, dos grandes sorrisos, ótimas companhias, coração alegre... 
Sabemos que tudo isso vem depois de grandes tempestades, e que problemas gigantescos que parecem não ter saída são sempre seguidos por vários degraus escalados, mentes mais sábias e corações mais fortes.
Isso já conhecemos bem. 
Hoje quero falar de outro período que também temos que enfrentar, o qual a pouco experimentei: Tempo de Caverna.


Davi, um dos personagens bíblicos mais inspiradores para mim teve de enfrentar um tempo de caverna. Se escondendo de Saul que desejava matá-lo, refugiou-se em um lugar chamado Caverna de Adulão, onde passou um processo transformador, virou um líder. Liderou com ousadia homens considerados derrotados, que também se esconderam na tal caverna quando viram suas vidas desmoronarem aos seus pés, tomados por vergonha e desesperança, fugiram para o esconderijo que anestesiaria sua dor enchendo-os de nada e ali o vazio existencial seria o companheiro ideal para suas almas fracassadas.
Só não contavam com a hipótese de encontrarem em seu pseudo túmulo um homem tão fascinante e encantador que não aceitou a prisão da derrota, pois em suas veias corria liberdade. Irradiando a força que vem da alegria de um pequeno poeta da vida e grande guerreiro da história, se deixaram ser impactados pelo pastor-rei.Que os ensinou a arte de reconstruir-se depois da pior catástrofe, fazendo do fim de tudo o ponto de partida para o recomeço. E o resultado? Brilharam! Brilharam e sentiram o sabor da vitória.
Assim como esses homens, quantas vezes depois do fracasso, quando não conseguimos vencer a tempestade e desfrutar da bonança, nos escondemos na caverna? Conformados com a derrota e sem perspectivas para o futuro corremos a refugiarmos no único lugar onde não seremos confrontados por ninguém, esquecendo-nos que do confronto vem a superação. 
Os tempos de caverna, são entorpecentes e paralisantes. Mas também são necessários e produtivos, pois ali no escuro e úmido encontramos o fogo que irá forjar nosso caráter e dividir a história em A.C. - D.C. O tempo que antecede a caverna é de um tipo de vida e pensamento que se comparado ao que sucede causará espanto.
Na caverna você estará sozinho, será inevitável se afastar de tudo e todos, pois é sem ninguém olhando que a lagarta se transforma em borboleta.
A boa notícia é que na caverna teremos a honra que conhecer o Pastor-Rei. E Ele muda nossa história com amor e sabedoria mostrando-nos quem Ele é e quem nós somos. 
O tempo na caverna não é prazeroso, contudo o processo vale a pena, ao sair dela, nossos olhos se encantam com a beleza da vida que nos espera lá fora. Um Homem Fascinante nos ensina grandes lições e se um dia voltarmos a caverna, imitaremos o papel dEle para ensinar a outros o quão belo é transformar fracassos em vitórias.
Fiquei um longo período na caverna até que parei e ouvi as perfeitas palavras do Pastor-Rei que segurou minha mão e me levou para fora, me mostrou as estrelas e me deu as flores, porém mais que isso, encontrei o Pai... Só que isso é outra história!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Fracasso só é fracasso quando os outros sabem

* Texto de Ariane Daniela
A gente jura que não vai mais se sentir fracassado ou derrotado, mas é só a imagem da sua decepção refletir para essa imagem de pessoa conformada, cair morro abaixo. É engraçado como o ser humano somente se sente mal com a sua derrota se os outros souberem dela, por quê se ninguém souber  do seu fracasso, é como se ele não existisse. Então quando somos derrotados pelos acontecimentos do destino, ficamos triste, não pelo fato de nosso esforço ter sido em vão, mas sim pela vergonha que é ter nossa derrota exposta  aos olhos da sociedade.

A pressão que a sociedade faz em cada indivíduo para que ele seja perfeito em todos os sentidos é abusiva. A sociedade cobra a inteligência perfeita, o cabelo perfeito, a barriga perfeita, a atitude perfeita na hora certa, a pontuação perfeita nas provas, o cargo perfeito na empresa. Essa é a realidade a qual todos que convivem em grupo são submetidos todos os dias de suas vidas. Vivemos em uma realidade aonde nos esforçamos para alcançar metas para agradar aos outros e não à nós mesmos. Queremos o carro do ano, um apartamento no bairro mais chique da cidade, um emprego o qual é bem remunerado, roupas caras,a televisão que acabou de lançar,o novo lançamento da Apple. Mas a questão é: Nós precisamos disso? Realmente queremos isso tudo por nós mesmos? Ou simplesmente esse ideal do que precisamos ser  e ter é o que foi imposto a nós pela sociedade através de repetitivos comerciais,novelas,revistas ou jornais?!

A sociedade faz lavagem cerebral com os indivíduos  cada segundo do  dia através de repetições sutis das regras que devemos seguir. Assim não nos damos conta que somos controlados e completamente dominados por aqueles que ditam as regras. A sociedade hoje vende um ideal de felicidade, o qual só posso chamar de picaresco, que diz que pra ser feliz você precisa ter peso tal, altura tal,ter cabelo da cor “x”, precisa ter uma casa que custe mais de 200 mil e todos os lançamentos eletrônicos que existirem. Mas isso realmente é felicidade?

Claro que não! Óbvio que não adianta negar que ter essas coisas citadas acima trazem uma sensação de prazer muito parecida com felicidade, mas que NÃO é! Ser feliz é um estado de espírito, não está relacionado com o que você possui,mas sim com o que você é, como pessoa, como ser humano e as relações que você construiu com os demais indivíduos a sua volta. Eu,por exemplo, me sinto muito mais satisfeita com um encontro com os meus amigos com direito a risadas e afeto, do que ir ao shopping e gastar horrores em roupas que não me acrescentam nada como ser humano.

Porém, por mais incrível que pareça,existem pessoas que já foram totalmente absorvidas pelos ideais capitalistas da sociedade, que preferem objetos à momentos inesquecíveis e marcantes. O que as pessoas esquecem é que objetos podem ser tirados, o dinheiro pode sumir,mas os momentos com pessoas especiais, o conhecimento,as experiências de vida, esses não podem ser tirados de você. São coisas que você leva no seu carma, na sua alma, que servem para o aprendizado do espírito e que podem nos deixar mais perto de Deus. Devemos viver para agradar à nós mesmos, e não uma sociedade capitalista.

Ariane Daniela.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Chuva, Destino, Alma



Entre cochilos, percebo o barulho da chuva misturando-se ao do som do piano de uma música que enche o ambiente de meu quarto. Uma mania antiga de deixar alguma música tocando ao estar dormindo. Bom, isso inspirou-me. O prazer de escrever me convida a deixar minha cama, lavar o rosto para acordar, e pegar caneta, papéis e disposição as 3 da madrugada.
Pronto, devidamente acordado. Vamos lá então. Transformar a inspiração em letras.
Daqui escuto o som dos carros cruzando a avenida que passa em frente ao apartamento. Rodas cruzando o asfalto molhado. Uma ou outra pessoa andando pelas calçadas. Encolhidas. Protegendo-se debaixo de seus guarda-chuvas. Pergunto-me: O que fazem na rua essa hora?
Em um ritmado compasso ouço as gotas baterem na calha. Magnífico ver o abstrato dos desenhos da chuva, que se formam no vidro da janela. Em um poste, o reflexo da luz descortina as gotas frenéticas cruzarem o espaço. Essa luz amarela e opaca revela a corrida sequencial da chuva para seu destino. Dos braços de sua mãe Nuvem, elas se jogam ao encontro do cumprimento de seu propósito. A terra. Longa caminhada não acham?
Cada gota com seu objetivo. Chegar a terra. Molhar os campos. Alimentar as plantas. Alimentar os alimentos que estão a brotar. Dar vida a beleza das flores. Saciar a sede dos homens e dos animais. Satisfazer a necessidade dos seres viventes. Água pura saindo de seu lar. Vinda de um ciclo que duram a milênios. Justamente para cumprirem seu destino. Chegar a terra. E com grande êxito assim o fazem! O reflexo da luz do poste é sua testemunha do cumprimento da missão. Eu sou testemunha de seu êxito. Nesse instante, três e pouco da manhã. Eu sou testemunha.
E nós? Qual é nosso destino? Qual nossa missão?
Nesses meus últimos anos, percebi que nasci para viver para o próximo. A profissão que escolhi já fala por mim. Psicologia. A porção de fé cristã que existe em meu coração também diz isso.
Todos nós nascemos para estar com vários “alguém”. Assim como a chuva, todos nasceram também para “molhar” alguém (não literalmente ok?). Estar presente na necessidade de alguma alma humana.
Até as pessoas mais mesquinhas e arrogantes. Aquelas que só pensam em seu bem estar. Aquelas que só pensam em ganhar e nunca perder. Até elas nasceram para “molhar” a vida de no mínimo a de seus próprios filhos. Pelo menos eu ainda creio que esses tipos de pessoas não chegaram a ignorância de ignorarem seus próprios filhos não é.
Não nascemos para sermos sozinhos. Não teria um sentido lógico na criação para estarmos sozinhos no mundo. Na verdade, não teria motivo para o universo existir. Passam tantas pessoas em nossa estrada. E cada uma delas, são bons receptores de nossa garoa de conhecimento. De nossa garoa de experiências. De nossa chuva de amizade, carinho e consideração. Somos seres humanos não é gente? Então na hora de dispensar sentimento, tem que ser chuva mesmo. Chuva intensa e cheia de vontade.
Carl Jung disse: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas. Mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Intenso hem?
 Nada de deixar de ser uma gota de chuva como as outras. Nada de deixar de ser o que você é. Somente almas tocam em almas. Estamos pisando a planta de nosso pé nessa terra com alguns objetivos a serem cumpridos. E o principal deles é estar andando juntos com "outros pés". Dando vida. Molhando aqueles que são somente plantas e terra. Já que temos duas boas pernas, dois bons pés, e ombros fortes, por que não emprestá-los aos mancos, cegos, aleijados, e até mesmo os sãos que não aprenderam a caminhar devidamente? Por que não? Por que não ser uma boa e frutífera chuva na vida de alguém?
Nosso destino? Bom, sei lá. Ainda estou caminhando rumo ao meu. Dia após dia ele acontece. Talvez algumas etapas já tenham sido cumpridas, outras não. Mas tenho certeza que nosso “próximo” é parte de nosso destino. Assim como as gotas das chuvas. Frenéticas uma atrás da outra. Todas juntas. Produzindo vida. Fiel em sua missão. Unidas. Massificadas. Nós também. Não nascemos para nós. Nascemos para estar com outras gotas, e para molhar outros “alguém”. Nascemos para andar juntos com as outras almas nessa belíssima vida. Nessa belíssima chuva!! Boa noite!!
Júlio Gonçalves, 05 de Fevereiro de 2013

Esperar? Não por favor!

Chega em determinado momento da vida, que as interrogações se tornam intensas. Tornam-se emoções agonizantes dentro da alma. Por que tudo existe? Há vida, há morte, porém, e o intermédio? O que precisa ser feito? Devemos somente ser modelos do nosso passado? Qual a razão? Tudo é simples e ao mesmo tempo complexo. Um misto de ambas as polaridades. Uma essencializando a outra. Completando e gerando tudo isso – A VIDA-.
Se pararmos para falar dos porque’s , estaríamos condenados ao aprisionamento da existência. Estaríamos nos acorrentando aos grilhões pesados do desespero. Portanto não vale a pena requerer, perguntar e entender. Somente viver, aceitar e esperar! Entre tantos galhos literários que poderiam ser abordados, há somente um que atormenta e apavora minha psiquê. A ESPERA. O fato de sobreviver a essa pequena ação me constrange e não me deixa confortável.
O sol irradia sua beleza. A areia deixa que pés a marquem. As ondas procuram seu espaço na porção da terra. Os sons das águas transformam-se em sinfonias. A harmonia inspira e fazem os poetas surgirem. Muitas pessoas, muitas identidades. Muita vivacidade ao redor. Estou sentado, tendo em mãos o papel e a caneta. Por sobre as lentes oculares, contemplo todos ao meu redor. Vejo a imensidão do mar. Vejo a linha do horizonte fundir-se ao céu azul. Parece uma só coisa, separadas por um fio. Mar e céu parecem um só! Sinto o frescor das águas. Sinto a vida em cada ser que cruza por mim. Emociono-me em ser. Em estar. Em viver! Elos de amor sendo ligados. Amizades cada vez mais vinculadas a base do carinho e consideração. Diante das interrogações, minha alma se acalma nos deslumbres sentidos nesse instante.
Mas...
Mas ao interior dessas emoções. Nos porões da alma. Na escuridão algo se mexe. A impaciência de sentir a ESPERA. Somos dominados pelo tempo. Chronus torna-se o imperador dos povos. As coisas somente acontecem no tempo em que o “tempo” quer. E o pior de todas as escravidões é a espera. Vivemos esperando. Vivemos presos a espera de algo. Somos condenados a esperar. Vivemos esperando nossa história acontecer. Esperamos as pessoas. Esperamos a alegria. O sucesso. O amor. Esperamos, esperamos, esperamos...
Somos fadados a viver abraçados a senhorita Espera. Nossa dominadora. Por vezes amiga. Porém, a qualquer momento pode tornar-se inimiga. Machuca. Cura. Dá Beijos. Desfere tapas. Esse é o tormento da vida. Esperar com que a espera acabe, e tudo termine bem.
Minha personalidade impregnada com fortes doses de hiperatividade, não aprendeu a esperar. Faltei algumas aulinhas na disciplina de paciência. Porém hoje descobri que a vida é isso. Esperar também é viver. Esperar faz parte da história de nossa vida. Onde estaria a graça de tudo estar em seu devido lugar, pronto e conquistado. Esse é o lindo da vida. Viver. Esperar. 
Fazer acontecer, esperar mais um pouco, conquistar, esperar de novo, amar, e esperar mais uma vez! Esperar, esperar, esperar.
Mas que é uma chatice, aaaahhh, com certeza  é!!!
Júlio Gonçalves, 05 de Fevereiro de 2013

Sobre os suspiros

Lendo o texto anterior me perdi entre os suspiros. 
Diante que cada motivo para suspirar, uma lembrança... e meus suspiros diários se redobraram. 
Seres humanos são dotados de emoções e peço perdão pela intensidade dos meus sentimentos, mas o que seria da vida sem o colorido da alma frente ao cinza do mundo? 
Me perguntei o por que de um texto como esse, assim como tantos outros, possuírem a capacidade de abrir janelas mentais e portas do coração para um mundo enterrado nos escombros do cotidiano.
Quem nunca sentiu o profundo toque das palavras no mais intimo do seu ser, quem nunca se arrepiou com notas musicais ou jamais sentiu os olhos encherem de lágrimas diante uma imagem denominada comum aos demais seres humanos. 
Seres humanos... 
Hoje me perguntaram o que me preocupa. Respondi: os seres humanos!
Ou os seres não tão humanos assim. Sabe do que eu estou falando? Digo, essas pessoas robóticas, programadas para funcionar como os demais. Acordam, levantam, trabalham, comem, assistem TV, são manipuladas pela mídia, algumas viciadas em internet, outras em drogas piores! 
Acham que arte é perda de tempo, espiritualidade sinal de fraqueza, psicologia coisa para loucos. 
Fico me perguntando o que essas pessoas sentem... vivem suas vidinhas medíocres sem encanto, sem brilho.  Não suspiram. Como conseguem? De que material são feitos? Shakespeare falou que somos do tecido de nossos sonhos. 
Mas e quem não sonha? É feito de que? 
Pessoas vazias me preocupam. Pessoas que pensam ser melhores e maiores, pessoas com coração de pedra e com a mente cheia de cadeados. 
Isso me faz suspirar de preocupação. Como podem existir seres humanos tão frios e tão distantes das emoções que são o combustível dos amantes da vida?
Suspiro de preocupação pensando que tem gente que não pensa, que não lê livros, que não cumpre suas promessas, que não sabe o que é amor. 
Suspiro de preocupação por achar que o mundo está perdido e por medo de me perder nesse mundo de robozinhos programados...
E no presente momento, acabei de suspirar por perceber que me preocupo demais. 
Suspirei e sorri, pois ainda não tendo soluções pra tudo isso e ainda que não conseguindo entender, nem responder essas perguntas todas, experimentei o alívio de um bom desabafo textual.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Você já suspirou hoje?

Você já suspirou hoje?
Estranha pergunta não acham? Porém algo interessante pode ser abordado diante da tão simples palavra SUSPIRO.
Houve algum momento do meu dia de hoje que utilizei um suspiro para expressar meu cansaço diante de tantos papéis, documentos e trabalhos a serem examinados. Isso lembrou-me de um relato do autor Max Lucado sobre o “suspiro”.
No mesmo momento fui tomado por um belo insight para escrever mais essa reflexão. Em vários momentos de minha vida suspirei de alegria por algo conquistado.
Suspirei de alegria por ter visto ou tido algum sentimento feliz. Suspiro seguidamente de saudade pelas pessoas que já se foram, pessoas que saíram de minha vida de forma brusca. Também suspirei de paixão, muitas vezes pelos amores que já vivi, suspiros de carinho e amor, por estar perto daquela que me fazia bem. Quem nunca suspirou por isso?
Suspirei por ter concluído com êxito alguma tarefa imposta, suspirei por ter sido capaz de fazer aquilo que foi desferido para a execução de minhas mãos. Suspirei de tristeza e desânimo muitas vezes por não ter realizado no futuro aquilo que planejei no presente. Suspirei chorando nos momentos difíceis e “intransponíveis” (aos olhos humanos), em minha vida. Suspirei na expectativa de sonhos realizados, na conquista de algo que estava a caminho.
São tantos suspiros. E por trás de cada um deles há suas consequências e histórias.
Mas hoje descobri outro suspiro, um suspiro doloroso e que machuca a psiquê daquele que o desfere. O suspiro da frustração.
Um suspiro que permanece escondido entre a ira e a um romper de lágrimas. Até pouco tempo eu não sabia como nomear os suspiros de minhas ansiedades e aqueles dos momentos que absorvo os problemas externos de muitas pessoas.
Sempre suspiro quando algum mendigo pede-me uma moeda. Suspirei quando aquele amigo chegado falou-me que seu casamento não estava indo as mil maravilhas. Suspirei quando meus amigos, aqueles que são mais chegados que irmãos, ligaram-me e disseram que sua esposa o havia abandonado. Suspirei quando ouvi sobre aquele cidadão conhecido que estuprou a própria filha. Suspirei em ver os maus tratos em asilos de idosos. Suspirei quando ouvi de uma amiga, a tentativa de assassinato do marido contra a esposa, quando a mesma tinha poucos anos de vida e presenciou a situação. Suspiro quando vejo os olhos brilhando, o coração acelerado e os movimentos involuntários do jovem viciado em cocaína. Suspiro em ver os caminhantes de ruas, sem destino, com os pés descalços, sujos e em busca do nada. Suspiro em ver a injustiça daqueles que possuem bens e acham que podem ignorar alguém que não possuem o tanto deles. Suspiro em ver os milhares de roubos encobertos pelo nosso governo, enquanto aquela mãe trabalha diariamente, e mal consegue alimentar os filhos, e dar uma vida digna aos mesmos. Suspiro quando olho a vida se desfazendo nas mãos dos homens. Suspirei quando ouvi a notícia dos 252 jovens mortos, pela negligencia dos donos da boate que pegou fogo, por estar fora das condições devidas.
E dói. Dói muito dar esse suspiro de frustração, esse suspiro de falta de capacidade de minha parte. Está tudo errado, está tudo invertido. O homem não nasceu para viver dessa maneira, carregando essas calamidades e sombras presos ao seu “Eu”.
Fomos gerados das entranhas do Divino. Teve um dia que já vivemos no belíssimo jardim do Éden, junto ao autor do Universo. E foi só nos afastarmos dEle, que tudo virou de cabeça para baixo. Todos esses suspiros de frustração são de uma esperança adiada. Adiada ao ponto de sempre esperarmos que algo mude.
E pergunto a você: Algo irá mudar? Quando cessarei de suspirar as frustrações de minha alma diante daquilo que o mundo me apresenta? Conformo-me, ou aceito a proposta de continuar tentando ser diferente? Sigo amando o ser humano, ou desisto e torno-me mais um egoísta?
Assim como Cristo suspirou diante da surdez e a gagueira de um homem nas terras de Tiro, decido suspirar também. Parece que posso ver o pensamento de Cristo diante daquele homem: ”Seus ouvidos não foram criados para não ouvir, sua língua não foi feita para tropeçar”. O mesmo desequilíbrio na vida que entristeceu o Mestre, também me entristece.
E a você? Também entristece? Creio que Jesus ainda suspira diante da cena presente que a humanidade oferece. Porém, esse gemido me acalma, pois Ele geme pelo seu povo, e espera ardentemente o dia em que poderá cessar o gemido dos suspiros. Onde a vida, há esperança, e é nela e nEle que minhas mãos seguram firmemente. Rumo ao sonho de que um dia os suspiros de frustração de nossa alma cessem.
J. Gonçalves, 31 de Janeiro de 2012, (madrugada pensativa e sem sono algum!)